sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A peônia



Era a véspera de suas núpcias. A princesa Aya vagueava triste e silenciosamente pelo seu jardim, despedindo-se das coisas que tanto amava, quando de repente ouviu um suspiro que respondia aos seus lamentos. Voltou-se, e qual não foi o seu espanto ao ver, atrás de um arbusto de peônias, suas flores prediletas, um belíssimo jovem envolvido em um manto de veludo salpicado de peônias bordadas a ouro.
O jovem fitava-a com um olhar tão doce e triste, que ela se  emocionou até o fundo de seu coração. Depois desapareceu misteriosamente.
Profundamente perturbada com o encontro, Aya retornou lentamente à sua casa e disse ao pai que pornada desse mundo se casaria com seu prometido esposo,o príncipe Ako, pois seu único amor era o misterioso jovem do jardim.
O velho príncipe, que tanto amava sua filha, decidiu adiar as núpcias e ordenou a todos os seus cavaleiros e servos que saíssem, à procura do desconhecido de manto de veludo salpicado com peônias bordadas a ouro.
Os mensageiros transpuseram montanhas perigosíssimas, atravessaram rios caudalosos e desertos áridos, percorreram planícies sem fim. Tudo em vão, pois não encontraram em parte alguma o jovem misterioso. E voltaram ao castelo de mãos  vazias.
O velho príncipe, que era muito sábio, disse a filha:
-Minha menina, o jovem que você viu não é uma criatura deste mundo, pois, se fosse, meus homens teriam o encontrado. Ele é provavelmente o espirito da peônia, por isso seu desejo é irrealizável. Você deve saber que é impossível casar-se com um espirito. Amanhã o príncipe Ako estará aqui, e nós celebraremos as núpcias.
Aya inclinou a cabeça, assentindo. Entendeu perfeitamente que seu pai tinha razão e não insistiu em algo que mais parecia um capricho. Correu para o jardim e foi dar o ultimo adeus a suas flores preferidas. Ajoelhou-se  diante do arbusto de peônias e irrompeu em soluços.
As lágrimas caíam copiosamente de seus olhos e regavam a terra , e sob o orvalho triste de seu pranto desabrochou uma flor de incomparável beleza. Na manhã seguinte os convidados que passavam diante do arbusto de peônias paravam para admirar aquela magnifica flor. E após a cerimônia quando passaram por ali novamente, viram-na murchar e cair por terra.
O coração da pobre flor, não resistindo à dor de ver a princesa esposar um outro, despedaçou-se.

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